Michelin compra fabricante de correias para mineração

31/03/2020
Michelin compra fabricante de correias para mineração

Multinacional francesa compra brasileira ConVeyBelts, produtora de correias transportadoras utilizadas nas áreas de mineração, siderurgia e transportes.

A Michelin anuncia hoje a compra da brasileira ConVeyBelts, fabricante de correias transportadoras utilizadas nas áreas de mineração, siderurgia e transportes. A aquisição é parte de uma estratégia de diversificação de negócios que vem ganhando força na operação brasileira da Michelin desde 2014, quando a multinacional francesa comprou a empresa de gerenciamento de frotas Sascar.

Fechada na sexta-feira, a operação ainda depende da anuência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para se concretizar. O valor da transação não foi divulgado. Com a compra, a Michelin planeja incorporar não só a tecnologia desenvolvida pela ConVeyBelts mas também a carteira de clientes da empresa, em operação desde 1942.

Presidente da Michelin América do Sul, Nour Bouhassoun reconhece que a empresa é menor do que seus concorrentes no mercado brasileiro. “Não é o tamanho da aquisição que é importante, [já que a empresa] não é grande. É termos um lugar para começar, um ponto de partida”, explicou o executivo ao Valor. “Nós vamos fazê-la crescer para atender o mercado brasileiro e o latino-americano.”

A futura internacionalização dos negócios da ConVeyBelts está longe de ser um caso isolado dentro da operação da Michelin no Brasil. Integrada ao grupo francês em 2014, a Sascar teve sua atuação estendida ao México e à Argentina. Na sequência, a empresa estreia agora no Chile e na Colômbia. Também já foram iniciados programas-piloto da brasileira na Europa, abrangendo Alemanha, Espanha, Inglaterra e França.

No mundo, a Michelin - mais conhecida pela fabricação de pneus - investe em áreas tão distintas quanto as de células de combustível a hidrogênio, Internet das Coisas e turismo (que inclui até uma agência de viagens customizadas). Por detrás dessa variedade está uma busca por sinergias de custo e por negócios que agreguem mais velocidade ao crescimento da Michelin.

No Brasil, além da Sascar, a francesa adquiriu a fabricante de pneus para motos e bicicletas Levorin (2016) e a empresa de tecnologia automotiva Seva (2018), comfoco em sistemas de telemetria e fabricação de dispositivos eletrônicos.

A ConVeyBelts (CVB Produtos Industriais) pertencia à empresa Teak Capital Corporation. Especializada na aquisição de companhias para reestruturação e revenda, a Teak adquiriu a ConVeyBelts em setembro de 2016 da empresa de tecnologia ContiTech. “Vendemos 100% do negócio [para a Michelin]. Não ficamos com nenhuma participação”, esclareceu Lampros Vassiliou, presidente executivo da Teak e da ConVeyBelts.

Bouhassoun, da Michelin, disse que a multinacional analisa outras opções de aquisição no Brasil mas não quis detalhar quais as oportunidades em estudo.

Apesar das estimativas de crescimento da economia brasileira para 2020, a expectativa do executivo é de “no máximo uma estabilidade” no mercado nacional de pneus.

“A economia mundial está freando”, justificou. “O Brasil pode fazer melhor mas é difícil chegar a aumentos elevados do PIB [Produto Interno Bruto] neste momento”.

Segundo o presidente da Michelin América do Sul, a evolução das vendas de pneus de caminhões não está positiva, um indicador relevante num país em que a maior parte do transporte de cargas é feito por rodovias.

A valorização do dólar frente ao real - em torno de 19% nos últimos 12 meses - têm efeitos contraditórios nos resultados da Michelin brasileira, que exporta 40% da sua produção para 60 países. Se por um lado o real enfraquecido diminui o preço dos produtos vendidos no exterior, por outro, 40% da borracha utilizada como matériaprima na operação do Brasil é importada do Sudeste da Ásia. O câmbio é desfavorável também quando se trata de converter os resultados nacionais em euro. “O impacto [do câmbio] é neutro”, disse Bouhassoun.

Fonte: Valor Econômico

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