Seringueiros driblam seca e ampliam a produção de borracha
Em meio às dificuldades impostas pela intensa estiagem que isola comunidades e provoca prejuízos em várias regiões do Amazonas, a primeira remessa da safra 2024/2025 de borracha nativa totalizou mais de 31,5 toneladas, resultando em R$ 441 mil para famílias e associações de seringueiros dos municípios de Manicoré e Itacoatiara.
Desse montante, aproximadamente R$ 378 mil foram direcionados diretamente aos seringueiros, enquanto as associações receberam mais de R$ 63 mil. Essa produção integra o projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha”, que envolve uma parceria entre WWF-Brasil, Memorial Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), WWF-França, Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e uma indústria pneumática global.
Desafios logísticos
A borracha será transportada de balsa de Manaus a Belém, de onde será transferida para um caminhão com destino a Igrapiúna, na Bahia. Após o processamento, o produto retornará a Manaus para ser utilizado na fabricação de pneus para motocicletas e bicicletas.
O presidente do Memorial Chico Mendes, Adevaldo Dias, destacou que a iniciativa demonstra que é possível garantir condições dignas de vida para as comunidades extrativistas da Amazônia. Ele reafirmou o compromisso de lutar por mais oportunidades para esses trabalhadores em seus territórios.
Impactos da seca no transporte
A chegada da borracha em Manaus é considerada uma conquista diante das dificuldades trazidas pela estiagem histórica, que afetou a navegabilidade dos rios amazônicos. Natasha Mendes, analista de conservação do WWF-Brasil, ressaltou a relevância do projeto na geração de renda para as comunidades, enfatizando seu foco na sustentabilidade.
Segundo ela, o principal objetivo do projeto é promover práticas sustentáveis por meio de pagamentos justos aos seringueiros, reconhecendo assim o impacto positivo na conservação da floresta.
Os seringueiros envolvidos nas Reservas Extrativistas (Resex) têm garantias de venda a preços justos, que incluem não apenas o preço de mercado, mas também bonificações ligadas à sustentabilidade, comércio justo e serviços ambientais, como a preservação da Amazônia. Parte dos recursos também é destinada à manutenção das associações.
Bruna Mesquita, gerente de Sustentabilidade, enfatizou que o projeto representa uma resposta concreta para um modelo de desenvolvimento sustentável, gerando renda e incorporando o pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Ela destacou a importância de reconhecer o conhecimento tradicional das comunidades extrativistas, afirmando que fortalecer essa cadeia produtiva conecta pessoas, biodiversidade, clima e negócios.
Sobre o projeto
O projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha” já contribuiu para a preservação de mais de 145 mil hectares de floresta na Amazônia, impactando seis municípios: Canutama, Eirunepé, Pauini, Manicoré, Barcelos/Novo Airão e Itacoatiara. Em 2022, a iniciativa resultou na produção e venda de mais de 65 toneladas de borracha nativa, gerando R$ 900 mil em renda para as famílias envolvidas. Em 2023, a produção alcançou 130 toneladas, com retorno financeiro de R$ 1,8 milhão.
Fonte: O Dia
Imagem: Canva