Trocar pneu do carro usado ajuda Sumitomo a crescer no Brasil

08/04/2021
Trocar pneu do carro usado ajuda Sumitomo a crescer no Brasil

Quando decidiu construir uma fábrica no Brasil, em 2013, a Sumitomo sabia que teria de enfrentar concorrentes fortes, com décadas de produção no país, como Pirelli, Goodyear e Firestone. Por isso, o grupo japonês que fabrica os pneus Dunlop decidiu começar pelo mercado de reposição e, posteriormente, tentar vender para os fabricantes de veículos. Em 2015, fechou os primeiros contratos com montadoras. Mas, paralelamente, a expansão do mercado de reposição, provocada pela queda na demanda por carros novos, agravada pela pandemia, ajudou a empresa a crescer no país. Mais de 80% do que é produzido na fábrica em Fazenda Rio Grande, a 30 quilômetros de Curitiba, continua a seguir para o mercado de reposição. A opção de muitos por trocar os pneus do carro ou caminhão usados ao invés de comprar um veículo novo se reflete na expansão da operação paranaense. O número de funcionários aumentou mais de quatro vezes nos últimos sete anos - são 1,6 mil hoje. E a fábrica funciona hoje em três turnos, 24 horas, ininterruptamente.

As vendas de pneus no mercado de reposição nos dois primeiros meses do ano ficaram 2,5% acima do volume registrado no mesmo período do ano passado, quando a crise sanitária não havia, ainda, atingido o país. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, em fevereiro, a venda de pneus para ao setor automotivo voltada a automóveis caiu 16,6% enquanto no mercado de reposição cresceram 0,7%. No caso dos veículos de carga, houve aumento de 1,1% na venda para montadoras e de 10% na reposição. No Brasil desde 2012, o engenheiro mecânico Yoshinori Wakitani participou de todo o processo da construção da fábrica no Paraná e desde julho de 2018 é o presidente da Sumitomo Rubber do Brasil. O executivo japonês diz que gostaria de ampliar as vendas às montadoras. O primeiro contrato foi com a Toyota. Hoje, Volkswagen e Fiat também são clientes. Em 2019, o grupo iniciou vendas no mercado de reposição para caminhões e ônibus. E tenta fechar contratos com fabricantes de veículos desses segmentos.

Por mais que os negócios avancem na reposição, que hoje representa 60% das vendas de pneus no Brasil, ser fornecedor de montadora confere um certo status para o fabricante de qualquer tipo de componente. Seja qual for o destino das peças, no entanto, o que importa é produzir - e obter algum lucro, ainda que pequeno, como ocorre hoje, segundo Wakitani. "Temos elevado a capacidade ano a ano", diz. O volume diário de produção no Paraná - 19 mil pneus - é 25% maior do que no início da operação. Para ficar de olho em todo o processo ele tem comparecido à fábrica diariamente mesmo com a pandemia. "Também sou o gerente de manufatura", afirma, com bom humor. Recentemente o executivo decidiu visitar a família no Japão, o que o levou a experimentar a nova rotina dos viajantes: passou por três testes de PCR e mais 14 dias de isolamento. Wakitani é, de certa forma, um executivo de poucas palavras. Ele tem quase nada a dizer, por exemplo, sobre a eventual falta de pneus nas linhas de montagem, uma queixa constante dos dirigentes das montadoras. Ele evita, também, tecer comentários sobre a instabilidade econômica do Brasil. Para o executivo, o potencial do mercado está preservado e o longo prazo é o que importa, seguindo a tradição japonesa. Por isso, a Sumitomo já investiu R$ 1,4 bilhão no país. Não é hora, todavia, de falar em novos investimentos.

Nascido na região de Quioto, Wakitani trabalha no grupo Sumitomo desde 1986. Foi seu primeiro emprego. Na década de 1990, trabalhou, durante três anos, numa fábrica do Reino Unido. Uma das mais recentes novidades que empolgam Wakitani é a estreia da marca Dunlop no comércio eletrônico. Na página recém criada, o cliente pode optar por receber os pneus em casa ou retirá-los na loja mais próxima. Outra opção fora do comércio tradicional foi testada no ano passado com a instalação de dois contêineres para vendas de pneus de veículos pesados em rodovias de regiões afastadas. Agora, a empresa decidiu criar mais 19 pontos em 12 estados diferentes.

Fonte: Valor

Imagem: Car photo created by standret - www.freepik.com

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